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ANAC com restrições orçamentárias e entregue à politicagem

Ainda na década de 1930, Heinrich criou uma lógica que é reconhecida até hoje que estabelece a correlação entre uma determinada quantidade de acidentes e diversos incidentes que antecederam eventos mais graves. Mais recentemente, Bird atualizou o raciocínio de Heinrich e há muitos anos a aviação aprendeu e sabe que antes de um acidente mais sério, um número enorme de pequenos incidentes de maior ou menos gravidade ocorreram e poderiam ter servido de sinais que algo de mais grave estaria por vir.

Pois, bem. A AOPA Brasil vem alertando a comunidade de aviação, desde o final do ano passado, que a politicagem de mais baixo nível oriunda no Palácio do Planalto, que indicou pessoas sem qualquer reputação ou conhecimento em aviação para a diretoria da ANAC, faria com que a Agência regredisse 10, 15 anos em seu processso de amadurecimento como órgão central do setor aéreo nacional. 

Sem comando na ANAC, cujas indicações do Presidente da República estão nas gavetas do Presidente do Senado, a Agência vem sofrendo. O ápice mais recente foi a nota pública da ANAC, informando que cortes orçamentários estão comprometendo funções básicas, como a realização de provas teóricas para pilotos e mecânicos, cheques e recheques de aviadores e fiscalizações.

Nos últimos meses, temos visto de tudo na aviação brasileira:

  • A Azul pede recuperação judicial nos Estados Unidos, a 3ª das grandes empresas aéreas que decidem buscar o recurso do Chapter 11 para poder se recuperar;
  • A CCR, concessionária de diversos aeroportos de extrema importância no Brasil, informa ao mercado a intenção de vender suas operações;
  • Acidentes e incidentes na aviação geral e comercial
  • Operações de pouso e decolagem no maior aeroporto do Brasil interrompidas por drones do narcotráfico, sem que ninguém tenha capacidade de resposta
  • Paralisação dos processos de renovação de licenças e habilitações teóricas por parte da ANAC
  • Acidente com balão de ar quente, com flagrante falha de fiscalização
  • Aeronaves da aviação comercial atoladas em asfalto de péssima qualidade usado para recuperar pistas de taxi no aeroporto de Fernando de Noronha
  • Interrupção, por horas, no sistema de planos de voo deixam milhares de operadores de aviação geral no chão, sem poder decolar
  • A Embraer perde contrato em um dos seus maiores clientes de jatos por razões "geopolíticas"

Esses são só alguns eventos recentes, de "menor gravidade", que podem indicar que algo mais grave pode estar por vir.

Todos sabemos que falta de comando e controle, na aviação, acaba em acidentes sérios. E a ANAC é o centro de comando e controle da aviação brasileira.

Isso tudo somado só nos leva a uma conclusão:

A aviação está com sua Agência central severamente prejudicada em termos orçamentários pelo atual governo. A bagunça do setor passou a conviver com incidentes relevantes de alguns meses para cá. Para isso se tornar um acidente, pode não estar faltando muito.

Caso algo mais sério ocorra, os responsáveis são conhecidos: o Presidente da República, o Presidente do Senado e o Presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado. Como já dissemos: o país está sob a liderança política de irresponsáveis, que não se envergonham de negociar cargos técnicos da aviação como se fossem mercadorias, desprezando os riscos, as complexidades do setor e, a segurança aérea.

   


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